sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Viagem Cancelada e Reagendada

     Oiii!!!

     Então... Lembram que no outro post eu disse que teria consulta? Pois é... Não viajei. 
     Aconteceu que eu não tinha passagem para viajar. O Complexo Regulador estava com problemas para emitir as passagens.
     Lembro até que tinha dito que tinha me admirado por não ter dado problema para trocar a acompanhante.
     Enfim, eu não tinha como viajar. Adiaram o dia de entrega das passagens por conta desse problema na emissão. Com isso, iria começar a corrida contra o tempo, pois com as passagens sendo entregues na sexta, minha acompanhante teria que ir cedo ao TFD e me ligar assim que as pegasse, já que eu teria que avisar ao Serviço Social de Jaú que estávamos indo e reservar vaga na Casa de Apoio. Além de ter o horário de verão para dificultar a corrida contra o tempo. São duas horas de diferença. Kkk.
     Quando minha irmã chegou lá, na sexta, ainda não tinha passagem. E agora? Lá a confusão estava armada. Comecei a ligar para o ambulatório de Jaú, para informar. No TFD pediram que esperassem até 11 h para termos alguma posição. A mana voltou ao trabalho e ligaríamos antes das 11. Ligamos e nada de atenderem. Entendemos que estava mesmo cancelada a nossa ida.
     Essa semana, um compadre do papai ligou e pediu para eu falar com uma moça que estava dependendo de passagens também. Conversei, expliquei e ela iria ver o que poderia fazer por mim. Ao chegar lá, ela me diz que no TFD constava como se a mana não tivesse ido pegar a passagem.
     Na hora a gente revolta, claro! Mas depois entendi que, talvez, não era para irmos mesmo. E tudo bem! Respiramos!
     A moça orientou para que eu ligasse e pedisse a data mais próxima de consulta em Jaú e levasse ao TFD. Papai foi por mim e resolveu tudo.
     Agora vamos esperar novamente para pegar as passagens e viajarmos. A nova data da consulta é 11/12/2017. Perdi de encontrar uma amiga, mas ainda vou encontrar um amigo. Afinal, deu problema com a passagem dele também. Kkkkk.
     Sem ansiedade agora! 

Beijinhos!

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Preparativos para a viagem - 30/10/17

Hello!

     Todos os anos quem me acompanha nos retornos a Jáu, é minha tia Iranei. Mas esse ano aconteceu que a titia não vai poder ir, por motivo de trabalho.
     O problema seria quem poderia ir comigo. A mana trabalha. Houve uma vez, em que não liberaram para que ela fosse. Mas graças a Deus, dessa vez, deu certo.
     Quando fui, ano passado, foi uma luta para eu receber a ajuda de custo. O problema era porque o Complexo Regulador tinha definido uma agência bancária para o saque e fazer o cadastro para emitir um cartão, para as próximas viagens. Fiz tudo certinho e tinha que voltar pra pegar o cartão. A primeira vez que fui, ainda não tinha chegado. Então deixei para ir mês passado (09/2017). Quando chegamos lá, descobrimos que não tinha mais a agência naquele local (shopping). E agora?!
     Papai, a mana e eu, rodando ali dentro, perdidos. Quando digo perdidos, é perdidos mesmo. kkk. Eu sabia qual era o andar da agência, mas eu entrava com a cadeira, de costas para a porta, e não via qual andar papai apertava. Até que a gente ia entrando, pela terceira vez, no elevador, e apertei. Mas não vi que papai tinha entrado primeiro. Nem a mana viu também. Ela acabou "atropelando" o papai. Passando por cima do pé dele com a cadeira. 😂
     De lá mesmo liguei para o Complexo Regulador, mas ninguém atendia. Por alguma razão, eles me ligaram para confirmar a data da consulta e acompanhante. Expliquei a situação do cartão e da acompanhante. A moça pediu para que eu fosse o quanto antes, levar os documentos da mana e uma declaração, justificando a troca. E levar meu cartão bancário pessoal, para cadastrar no sistema e poder receber a ajuda de custo. Graaaaaças a Deus eu já tinha. No dia de levar os documentos da mana, não achávamos o cartão do SUS dela. Pensa no desespero? Kkkkk. Enfim, encontramos e fui deixar. Deu tudo certo. 
     Pensei que seria bem mais complicada a troca de acompanhantes. Afinal, tudo é burocrático. Pegaremos as passagens, no Complexo Regulador, no dia 26. E aí saberemos a data da viagem. A consulta será dia 30/10/17. Ainda encontrarei dois amigos. 😍💛
     Ansiedade já está batendo. Apesar de tudo, amo aquele lugar!

Até mais! 

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Coisas que Aconteceram Depois do Transplante

     Oê!

    Depois que mamãe faleceu, continuei com todos os cuidados, todas as medicações e restrições. Segui corretamente o tratamento. O cabelinho cresceu bem rápido até. Nem curti muito minha fase careca. 
4 meses

8 meses

11 meses
     A cada mês que chegava, era uma vitória. Exames com taxas normais. Cada ida mensal a Jaú era uma série de perguntas que eu levava, querendo saber o que poderia comer, fazer... A cada mês liberavam um pouquinho. A felicidade foi quando descobri que poderia usar desodorante. Gente de Deus! kkkk. Eu tinha pomadas e tudo que poderia passar pra amenizar a situação. Mas nada melhor do que o velho e bom desodorante.
     Quando eu estava com 6 meses, não sei o que pode ter acontecido, mas accordei estrábica. Lembro de ter tido uma boa noite de sono, apesar dos enjoos. E pela manhã, para meu desespero, estava vendo tudo dobrado. Levantei e nada de passar. Liguei para o Dr. Rodrigo e logo ele me encaminhou para o hospital 28 de Agosto. Fiz vários exames, de sangue, do fundo do olho, tomografia e não tinha alteração alguma. Mandaram-me para casa. Ao final do dia já estava quase 100% normal. Mas esse dia ficou marcado. Só lembrava do vovô, dizendo: Menina, para de fazer isso (ficar vesga), porque se o vento der, tu vai ficar assim. Sinto em dizer, vô, mas era verdade. kkkkkkk.


Estrábica (mana ao fundo, arrumando as coisas pra eu consultar)
     Outra coisa foi ter que tirar a vesícula. No final de 2014, tive uma crise muito forte. Passei um tempo tomando medicação para desinflamar e conseguir marcar consulta. Até que marcassem a cirurgia. Foi uma complicação. Passei por cirurgia, mas um cálculo ainda ficou na via biliar. Tive que manter o dreno por 2 meses até conseguir marcar uma CPRE. Nessa fase, minha preocupação foi dar alguma complicação com o transplante, Mas médicos liberaram, tanto o daqui, de Manaus, quanto o de Jaú. Graças a Deus, deu tudo certo. A preocupação maior mesmo era eu estar tanto tempo com o dreno na barriga. Emagreci muito. Sentia muitas dores, pelo dreno ter tracionado (saído do lugar), com isso eu tinha que estar empurrando de volta pra que ele não saísse de uma vez. Tomava muitos remédios. Não consegui comer, nem dormir direito. Até que chegou o dia de fazer a CPRE. Logo estava em casa e sem o dreno. Graças a Deus. 


Dia de internar para tirar a vesícula

Dia da alta
      Ano passado (2016), na consulta em Jaú, minha pressão alterou. Estava 16x10. Tomei medicação e trouxe para tomar em casa. Ao fazer o acompanhamento em Manaus, deu mais uma alteração, estava dando baixa: 9x6. A doutora suspendeu o remédio. Estou fazendo o mapa, mas continua dando alta: 15, 14x10 - 13x9. Vou voltar com ela para consultar. 
     Recentemente, eu e minha irmã fomos para Boa Vista/RR. Alguns dias depois, pegamos Chikungunya. Mais uma vez o medo de complicações. Fomos ao Hospital Geral. Não sei nem decrever a sensação de entrar ali novamente, A última vez em que estive lá, foi quando fui tranferida para Manaus, com a suspeita de Aplasia. Nem imaginava que eu teria que entrar lá outra vez. Graças a Deus, foi por uma situação com menos risco. Fomos consultadas, medicadas e pelo meu diagnóstico, fiz exames de sangue, para ver como estavam as taxas. E todas estavam normais, mesmo tendo baixado um pouco. Tive coceira nas mãos, fiquei com umas manchas vermelhas no corpo, muita dor de cabeça, nos olhos e articulações. Mesmo depois de 2 meses, ainda tenho dores no corpo.
     Antes da Chikungunya, apareceu uma dor no meu dedo indicador, no lado esquerdo da mão. Ainda não sei o que é. Mas a doutora já pediu exames e estou esperando o resultado para voltar com ela. A suspeita é tendinite.
     Pelo que me lembro, de 2012 para cá (2017), essas foram as coisas que me mais me deixaram apreensivas em relação ao transplante. 
     Ainda tenho que voltar com o ortopedista, para fazer fisioterapia, ou mais cirurgias na perna. Mas, por enquanto, ainda não quero cirurgia. Passei quase a vida inteira dentro de hospital, quero dar uma pausa. Mas ainda tenho vontade de fazer mais, para caminhar melhor. No futuro, mas tenho.

Boa noitê!
     

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Momento Marcante e Saudoso!

     Hi, pessoas lindas!

     Depois de dois anos sem postar, vim contar mais um momento marcante e saudoso!

     Em minha última postagem, estava voltando para casa. Sim! 😍 Foi lindo e maravilhoso! Aproveitamos a chegada até mamãe começar uma rotina de exames e consultas.
Ainda em Jaú, mamãe perdeu peso muito rápido. E sentia dores demais na barriga. Eu, fraca, e ela querendo que voltássemos logo para casa, não deixou que eu chegasse a comentar com os médicos, o surgimento dessa dor. Porque ela queria voltar comigo, como tinha prometido. Dias se passaram e ela cada vez mais magra, mas mesmo assim continuava a cuidar de mim. Até voltarmos para casa.
     Logo ela procurou um médico para entender o que estava acontecendo. Começaram exames, consultas... Ela cada vez mais abatida...
     O bom era que, como estávamos em casa, tinha quem cuidasse de mim. Mas mãe é um ser divino! Ela queria estar no meio, saber o que estava acontecendo, como estavam fazendo as coisas, mesmo que a dor lhe incomodasse.
     Depois de vários exames, veio a confirmção. Mamãe estava com câncer. Foi uma notícia que nos tirou o chão. No primeiro momento, você não sabe como reagir, o que falar, o que sentir... Depois você para e pensa: "Ela pode fazer o tratamento e ficar bem", como no meu caso. Mas ela insistia em dizer que ela era mais fraca, que não tinha tanta força. Tentávamos fazer com que ela acreditasse, que tudo poderia dar certo.
     O médico optou pela cirurgia. Ela se preparou para internar. Se despediu de mim e disse que logo estaria de volta. Desejei sorte e que Deus a abençoasse. E foi para o hospital.
     Nesse período, em que ela estava internada, eu também internei. Creio que pela preocupação, tive Herpes Zoster. Fiquei uma semana no HEMOAM. E voltei para casa.
     Somente quando ela estava na cirurgia, é que tiveram total visualização do tamanho do tumor. Já tinha comprometido rim, onde teve início, parte do fígado, costela... Ela saiu da sala de cirurgia e foi para a UTI. Logo saiu e foi para a enfermaria. Ficamos preocupados com o pós-cirúrgico e pelo rim bom não estar funcionando normalmente.
     Logo chegaria o Dia das Mães. Estávamos animados para visitas. Eu não poderia ir, claro. Continuava com toda restrição. Mas minhas irmãs e papai iam. Mas no dia, logo pela manhã, nossa tia que estava a acompanhando, ligou para dizer que não fôssemos, que mamãe estava cansada e que poderia se emocionar. Ficamos apreensivos. E na segunda, 14 de maio de 2012, mamãe faleceu. Nem acreditFicamos transtornados. Foi a maior perda de nossas vidas! Em todos os sentidos! Lembro com detalhes de tudo que aconteceu neste dia e no dia seguinte. Foi uma dor imensurável.
     Eu tinha que tentar me manter forte, por causa do transplante, dos meu irmãos e papai, e meus avós. Assim como todos tentavam se manter forte, preocupados comigo também. Foi muito difícil! Ainda é, na verdade!
     Daqui a alguns dias ela estaria completando mais um ano de vida. Agora é o céu que fica em festa, pois mamãe era e continua sendo uma pessoa linda, por dentro e por fora. uma pessoa que se destacava em meio a outras. Sempre tímida, mas com uma alma encantadora e única! Um ser iluminado! Tem que dias que a vontade de chorar invade e a saudade permanece! O que nos consola é saber que ela nos deixou somente coisas boas, muita positividade e nos criou de forma com que nos orgulhamos de ser quem somos! Gratidão eterna pelo anjo que tivemos a honra de chamar de Mãe!

Obrigada, mãe!

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Hora de Voltar para Casa

          Depois de tantas medicações, exames e consultas, chegou o dia em que o médico me perguntou: "Quer ir pra casa?" E fiquei pensando: "Sério?! Será que é verdade?!" E respondi: "Se o senhor achar que eu já posso ir, eu quero." Kkkkkk. Era claro que eu queria. Ele disse que eu já ia, mas passou um infinito de recomendações com as medicações que ainda teria que tomar, com a comida, água, principalmente... Enfim, tudo o que precisaria nessa fase pós-transplante.
          Voltamos para a pousada para nos arrumarmos e nos despedirmos da Marlene, acertar as coisas com a dona da pousada e tudo o mais.
          Mamãe estava cada vez mais cansada, mas não parava um instante. Parecia uma formiguinha. E eu ajudava no que podia, arrumar as roupas para caber nas malas, procurar um jeito melhor de arrumar tudo. Afinal, ainda estávamos levando presentes para a turminha.
        Acertamos tudo com o TFD de Manaus, sobre nossas passagens de volta e, também, com a taxista.
            Estava tudo pronto para voltarmos e descansar em nossa casa, junto com nossa família. A ansiedade e saudade estavam "falando" cada vez mais alto. Não víamos a hora de olhar no rostinho de cada um de casa e até do filhote, o Floquinho.
          Começamos a nossa despedida pelas meninas da casinha, Adriana e Érica, depois na pousada e quem encontrássemos pelo caminho. Uma felicidade sem fim. Pensávamos até que Marlene iria embora conosco, mas ela ainda não estava bem o suficiente para voltar para casa. Aliás, nem eu estava, mas Marlene estava tendo problemas com a medicação e teria que ficar mais um pouquinho. Ela, com certeza, foi mais um anjo para nós. Entrou em nossas vidas em um momento em que mamãe e eu estávamos muito frágeis e desanimadas. Ela chegou para alegrar nossos dias. Foi muito bom o tempo em que ficamos juntas.
         Saímos de Jaú na manhã do dia 5. A companhia aérea que o TFD comprava nossas passagens era a Gol e tinham muitas conexões: Bauru-Congonhas, Congonhas-Brasília e Brasília-Manaus. Era muito cansativo. Chegávamos em Manaus na madrugada. Até que a viagem foi tranquila, mesmo com meus enjoos e vômitos. Graças a Deus. A sensação de sobrevoar Manaus na madrugada, sabendo que logo estaríamos em casa, depois de 3 meses fora, não há palavras no mundo que defina o que sentimos. Não sei se eu agradecia, ria ou chorava. Ver papai, então... Nem sei como expressar. Pegamos nossas malas e fomos para casa. Ao chegar em casa, o primeiro a me receber foi o aquele sem vergonha do Filhote. kkkk. Quanta saudade! Parece que a qualquer momento ele iria começar a falar. Depois foram os meninos. E novamente a vontade de rir e chorar e sei lá mais o quê invadiam meu ser. Mamãe me acompanhava com as mesmas emoções.
          Comemos um pouco, estávamos cansadas, com sono, mas felizes. Finalmente estávamos em casa e com a família.


Cabelinho começando a crescer. Haha
          Beijinhos, pessoal! 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Pós-Transplante

          Depois de ter passado quase 50 dias na internação do transplante, tinha chegado o dia da alta. Ansiedade era pouco. Tinha chegado a hora de dar oi para o sol, para as nuvens, para as árvores, dar oi para tudo.
          Mamãe começou a arrumar nossas poucas coisas (usávamos quase tudo do hospital). Preparam todas minhas medicações, orientações e tudo mais. E vieram nos informar que eu tinha pegado o tal de "G", como chamamos, ou DECH, que nada mais é do que a doença enxerto contra o hospedeiro. Que acaba sendo algo bom para quem transplanta medula, porque há uma grande chance de o transplantado não ter recaídas. Apesar de ter que receber medicação imediata para não haver complicações. Mas mamãe estava preocupada com o fato de não sabermos para onde iríamos. Até uma das enfermeiras nos dizer que eles arrumavam tudo antes da nossa saída, para irmos para um dos quartos de isolamento na Casinha. Até aí tudo bem. Depois de um tempo, quase na saída, virei para mamãe e perguntei: "Mãe, o papai vem buscar a gente?" Pronto! Foi o que bastou pra chorarmos. Perguntei isso a ela, porque era papai que ia nos buscar, na maioria das vezes, depois que eu saía de uma internação. A saudade estava demais. Bem... Terminamos de nos arrumar e começamos a nos despedir do pessoal do TMO. Eram enfermeiros e técnicos me desejando boa sorte, saúde, sucesso... Enfim! Um infinito de coisas boas. Mas lembro que a Gi Baldi não foi se despedir de mim. Depois acabei sabendo que ela não ia aguentar e ia acabar chorando, por isso não foi falar com a gente. Gi, está me devendo... kkkkk.
          E assim fomos embora. Nos ajudaram a descer com nossas coisas e ligamos para uma das meninas nos ajudar. Pois como eu usava a cadeira de rodas, mamãe não conseguiria me levar junto com nossas malas.
          Foi muito bom chegar do lado de fora e sentir o vento no rosto, o sol, respirar ar puro... É uma sensação indescritível. 
          Chegamos na Casinha e a ansiedade de sair do TMO foi tão grande, que acabamos esquecendo de alguns papéis. Mamãe teve que voltar e ajeitar tudo para poder ficarmos.
          Tivemos um resto de dia tranquilo, apesar da febre que me dava de vez em quando. Mas como já estava no antibiótico, ficávamos apenas observando para não aumentar muito.
          Como desci da internção com o "G", tivemos que voltar todos os dias ao hospital, no Ambulatório do TMO, para eu tomar a medicação. Tomaria por 14 dias, mas o "G" começou a desaparecer com 7 dias. Antes dos 14 dias, parei de tomar.
          Com o passar dos dias, foi ficando cada vez mais difícil de comer. Quando chegava a comida no portão da Casinha, já começava a sentir enjoo. Era impressionante. Não aguentava sentir o cheiro da comida. Foi uma das fases mais torturantes para mim. Em todo o tratamento, nunca tinha deixado de comer. E isso realmente me apavorava. Eu forçava para comer. Era preciso tapar os olhos, nariz e mamãe me dar comida na boca. Parece até brincadeira e coisa de menina mimada. Mas não! Era sério. Se eu olhasse a comida, não conseguia comer. Foi aí que começaram as descobertas para que eu pudesse comer: comer, vomitar e em seguida tentar comer de novo. Só assim conseguia manter algo no estômago.
          Como estava no meu limite, nada mais queria entrar e não podia cozinhar na Casinha, mamãe conversou com nossa família sobre o que achavam de irmos para uma pensão ou pousada. Claro que ia ter mais gasto, mas, no momento, o lado financeiro não era prioridade. Todos concordaram. E assim fomos falar com as Assistentes Sociais da Casinha sobre nossa saída e nos apoiaram. Assim, mamãe começou a procurar um lugar pra ficarmos. Aproveitava o momento que eu dormia para ir, porque dependia dela pra tudo.
          Depois de muito procurar, mamãe encontrou uma pousada que poderíamos ficar, pois nas demais seria impossível para cadeirantes. Algumas das meninas da Casinha (acompanhantes de pacientes) nos ajudaram com a mudança.
          E assim foram se passando os dias. Quando mamãe cozinhava, tinha que fechar a porta da cozinha, ligava o ventilador (o que não podia) para o ar circular e usava duas máscaras para não sentir cheiro nenhum. Comia, vomitava e comia. Mamãe chegou a ser dura uma vez comigo, dizendo para eu parar com isso, que era psicológico. Depois que fiz meu "ritual", ela me disse que tinha dito aquilo para ver se eu não ia vomitar. Não fez por maldade. Pena não ter adiantado. Isso estava nos deixando tristes e abatidas. Mais ainda a mamãe, porque tinha começado a sentir fortes dores na barriga. E ela não me deixava falar para os médicos e nem eu tinha reação para nada. Estava emagrecendo muito rápido, fraca... Enquanto ela continuava com dores e tendo que me carregar para todo lado.
   Até que conhecemos Marlene. Uma transplantada. E ela ficou na mesma pousada que a gente. Como ela estava bem, o marido teria que deixar ela um pouco para resolver algumas coisas na cidade deles e perguntou se podíamos fazer companhia para ela. A partir daí nos animamos mais.
          Foi um tempo muito bom que passamos depois disso. Meus exames estavam cada vez melhores, logo voltaríamos para casa, apesar de eu ainda estar ruim pra comer e mamãe com as dores. Até mamãe começou a emagrecer demais. Mas estava tudo dando certo. Pelo menos comigo.

          Até mais! Beijinho!

domingo, 3 de maio de 2015

Meninas Especiais


          Desde o início era muito difícil encontrar um acesso venoso em mim. Quando ainda estava em Boa Vista, percebi que seria muito difícil. Como tudo o que faço, uso muito mais as mãos do que qualquer outra parte do corpo, para me mover. Por causa da deficiência física, tenho que me apoiar em tudo. E com isso, era ruim manter o acesso bom, mesmo que eu não forçasse muito as mãos. E para piorar a situação, só dava para procurar acesso mais no braço esquerdo, que era o que eu mais esticava.
          Depois passei para o Hemoam e comecei a conhecer as enfermeiras. Todas sempre tiveram muito cuidado com os pacientes.
          Um dia desses, revirando e vendo postagens antigas no Facebook, encontrei uma postagem em que marcava algumas das pessoas especias que me puncionava.



          Sempre gostei de todas as meninas, mas essas faziam milagres. Kkkkk.
          Em uma vez que fiquei internada para fazer tratamento com os imunossupressores, perdi o acesso. Isso me tirava a paz, mais do que qualquer coisa. Já tinham tentado puncionar e nada. Até que perguntei se a Dil estava no setor de Transfusão. E para minha alegria, ela estava. Pedi que alguém fosse falar com ela. Não demorou muito e ela veio. E, graças a Deus, conseguiu.
          Cada uma tinha um jeitinho diferente. A Leo olhava, olhava até que achava alguma veia. E foi a primeira e única a puncionar meu pé. Nunca esqueço dessa dor. kkk. A Neida respirava fundo e ainda me preparava pra ser furada. A Dinair era muito artista, conseguia puncionar pegando a veia por baixo e com jelco nº 20. Geralmente, usava o nº 22. A Eneide vinha preparada com jelcos pra qualquer veia. E a Michelly veio depois, mas logo aprendeu como era melhor para mim. E conseguia logo acesso. Em uma das vezes, tive que ser puncionada com o nº 24, o que se usa em bebê. Isso tudo porque minhas veias não suportavam mais. As meninas do laboratório sabiam bem como coletar meu sangue. Até uns meses atrás, quando tenho que fazer exames, procurava pela Lu ou pela Elma. Assim que me viam, pediam pra eu esperar por elas. A Lu e a Elma sabiam dos meus reflexos de nervosismo. Toda vez que ia colher sangue minhas pernas tremiam demais. Era só tirar a agulha do braço e eu, aos poucos, voltava ao normal.
          Sofria quando iam puncionar e veia estourava. Na hora quase nem doía. O problema era depois. Inchava e ficava roxo. Era uma tortura.
          Mas graças a esses anjos em minha vida, tudo dava certo. Sinto saudades desse tempo. Não que eu queira voltar para o hospital, não mesmo! Mas sempre quando internava era legal. Não sofri muito com os efeitos dos remédios. Então, só internava mesmo pra tomar as medicações. Sinto saudades das meninas, das outras pacientes, de todos desse tempo.

domingo, 1 de março de 2015

Fases Divertidas do Transplante


        Apesar de ter passado por momentos bem difíceis, tive as fases divertidas. 
      Logo de início, foi ter recebido a pulseira de indentificação e eu dizia que minha fase de criança estava começando. Kkkk.
          Sempre fui tratada muito bem, tanto por médicos e enfermeiros, quanto pelas meninas da limpeza. Percebi que as enfermeiras não forçavam para nos tratar bem, elas gostam do que fazem. Tinham as mais calmas, as mais agitadas e as mais falantes. E, claro, as que mais me apeguei. A Nayara foi meu porto seguro ali, como enfermeira. Acompanhou-nos desde de o início. Mas cada uma dali, tem um pedacinho do meu coração. As Giseles (Baldi e Guimarães). A Gi Balde, me acompanhava todas as tardes. Ainda lembro de todas as conversas, das risadas sem fim, do companheirismo, nas ajudas nos dias frios. Kkkk. A Gi Guimarães era a companhia das noites. Mesmo que não estivesse comigo, ia me ver. Ela tinha um brilho diferente no olhar. Nunca soube identificar o que era. Adorava vê-la rir. Era contagiante ou eu que sou boba para rir. Sei lá. Kkkk. A Glaucia, era aquela enfermeira loucona. Se precisasse de agitação, podia chamá-la. Era barulho na certa! Kkkk. A Celina tinha aquela risada inconfundível. Sempre ouvia as gargalhadas vindo de fora do quarto. Kkkk. A Camila e Amanda, aparentemente mais tranquilas. Lembro do porte elegante que a Camila mostrava, acho que mesmo sem querer. Sempre atenciosa. A Amanda era a menina doce. Sempre observando. Tinha os meninos, Mateus e Oswaldo. Mateus era o meu preferido nas corridas, nos corredores do hospital. Sempre com emoção. Mamãe ficava doida atrás da gente. E foi o primeiro e único que fez eu sentir meu momento "Camila", de Laços de Família. Afinal, nunca tinha raspado a cabeça. Kkkk. E Oswaldo era o rapaz que mesmo sentado, ainda era maior do que eu e sempre me encontrava dormindo. No dia que entrou no quarto e me viu acordada, até estranhou. Kkkk. A Rose era a que sempre nos trazia paz e calma ao coração. Sempre com palavras divinas e reconfortantes a nos dar. A Patricia foi a me presentear com um antibiótico top. Até hoje lembro da cena em que ela descrevia o Zivox. Kkkkk. Da Bete, minha maior lembrança foi a de sempre me olhar e acenar pelo lado de fora do quarto, ou vir medir pressão, essas coisas. Lembro das conversas e tudo. A Tati era tão meiga, mas não passou muito tempo comigo. Falava sobre os preparativos de seu o casamento e o amor por cachorros. A Grazi, conquistamos pelos bilhetinhos trocados. Ela quase não ficava comigo, mas sempre deixava um bilhetinho em minha cama, alertando pra eu ter cuidado com outra enfermeira. O mais engraçado foi quando mandamos um pra ela e não descobriu de quem era. Kkkkk. Só soube porque a Sueli (segunda mãe no TMO) contou. 
          A Sueli, era uma das meninas da limpeza. Tornou-se minha segunda mãe por sempre me chamar de filhinha e bebê. Não abria mão de dizer: "Você sabe, né filhinha? Na hora do almoço pode chamar a mama. Depois pode chamar a sua de novo (olhando pra minha mãe)". Tinha a Silmara também. A Silmara era a moça dos barquinhos de madeira. Lembro mais das meninas da manhã, porque a noite sempre dormia muito.
          Com os médicos era uma bagunça. Como Dr. Vergílio fazia as visitas bem cedo, sempre nos pegava dormindo, de cara amassada... Com Dr. Marcos era mais tranquilo, mas sempre me queixava pra ele por causa de uma tosse que tinha aparecido e eu queria a alta pra respirar ar puro e não de ar condicionado (abusada eu). E com Dr. Mair era uma zorra, ficava me zoando por causa da minha trancinha (com meus últimos fios de cabelo. OBS: foto no post anterior). Sempre tinha algo engraçado pra me fazer rir. Mas quando falava sério, era sério mesmo. E foi ele que me deu a notícia mais maravilhosa que poderia ouvir na véspera de Natal: a medula tinha pegado (termo usado para quando a nova medula começa a funcionar)!
          Tinha os fisioterapeutas que me cansavam. Kkkk. Brincadeira! Sei que iam para que me ajudassem. Mas mesmo assim ficava cansada com os esforços. E a nutricionista, que tentava fazer com que eu comesse, me oferecendo infinitas coisas. Às vezes, acabava pedindo algumas coisas e deixava pra mamãe. Kkkk.
          Também esperava ansiosamente os finais de semana para receber as visitas do Remédicos do Riso. São pessoas abençoadas por Deus e tem o dom nos trazer alegria. Amei todas a visitas.
          Quando estava bem, ligava para todos que podia, família (sentia muita saudade), amigos e os irmãos de coração do Hemoam. Só soltava o telefone quando o cansaço batia, pois já tinha rido muito ao saber das notícias.
          Mas, com certeza, a parte mais legal foi ter recebido uma cartinha do meu doador antes de o transplante começar. Nem sei descrever o que senti. Senti-o tão perto e tão longe. Peço sempre a Deus que Ele abençõe essa pessoa eternamente. E espero que um dia possa conhecê-lo.
          Agora as fotinhas para compartilhar com vocês. Beijinhos!



Enfermeiros

Meninas da Limpeza

Remédicos do Riso

Fisioterapeutas e Nutricionista



 OBS: Perdão não ter citado todas as pessoas que conheci no TMO, mas minha cabeça não está funcionando muito bem. Kkkk. Perdão mesmo.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Internação e o Transplante



          Apesar de as viagens terem sido cheias de aventuras e correrias, enfim estávamos em Jaú. Tudo preparado para o transplante.

          Chegamos no dia 21/11/11. Dia 23 era a consulta e ficou tudo certo para internar no outro dia. No dia da internação, nos avisam que íamos esperar mais um pouco. Que não tinha quarto disponível, pois uma criança teve que subir primeiro do que eu (quando digo "subir", é o termo que usamos quando vamos para o local do transplante). Nem preciso dizer que a tristeza de mamãe foi visível.

          Na volta para a pousada, mamãe chegou a pensar se o garotinho subiu porque tinha ficado no meu lugar, para receber minha medula. Respondi a ela que eu achava que não e disse que eu não tinha ficado triste, porque talvez não fosse a hora ainda. Ela ficou quieta e por fim, disse que eu tinha razão, que deveríamos esperar em Deus.

          Voltamos pra pousada e depois ligaram da Casa de Apoio (Casinha) pra irmos para lá. Quando chegamos em Jaú, não tinha vaga na Casinha  também. E fomos. No dia 25 de manhã, ligaram do Hospital para nos prepararmos para subir. Já tinha quarto disponível pra mim. Subimos, estava ansiosa.




          Comecei a medicação. Logo ia pra sala cirúrgica,  colocar o catéter. Eram vários comprimidos por alguns dias e logo ia começar a quimioterapia pesada. Tava indo muito bem. 
     Enfim, dia 9/12/2011. Tinha chegado o dia do transplante. Prepraram tudo. Como sempre, estava ansiosa demais. Tinha tanta fé que ia dar certo, que só disse mentalmente: "Que seja feita a vontade de Deus. Que eu sinta apenas o necessário para que meu corpo aceite a nova medula". E às 10:30 h começava meu renascimento. Começava a receber a medula. Foram três bolsas de sangue. Não senti nenhuma reação alérgica até o final da infusão da medula. Só senti depois de 2 h que havia terminado.
          No início da quimio, quase nem senti nada, meu cabelo ainda não tinha caído... Tudo normal. Até  que uns dias depois, mamãe começou a passar a mão em meu cabelo e percebeu que começava a cair. Naquele momento, lembrei da Amandinha (minha inspiração). Então, a parte divertida tinha chegado. Kkkkk. Começar a puxar os cabelos. Ainda bem que os médicos não me deixaram raspar antes. Tinham me explicado que se eu raspasse a cabeça antes da quimio, cairia apenas pedacinhos do cabelo e poderia cair no catéter e infeccionar. 


Assim que começou a cair meu cabelo, aproveitei pra tentar arrumar. Muitas vezes sem sucesso.
Era seco, duro, embaraçava num instante, mas foi divertido. Kkkkk.

          Depois comecei a ficar mais inchada, a garganta queimava e ia até o estômago (a famosa mucosite), intestino ainda mais preso, me faltava o apetite (coisa que nunca tinha acontecido), a pressão aumentava, tinha calafrios que me deixavam toda doída no outro dia, sentia muita dor nas pernas e fora meu catéter que não funcionava mais. Sabíamos que era tudo por causa da quimio.
      Por conta do catéter ter dado problema, não conseguiam mais coletar o sangue por ele, todos os dias tinha que levar furadas. Depois de um tempo, começou a doer muito meu ombro, no mesmo lugar do catéter. Todos achavam que era porque tentavam coletar o sangue e, talvez, forçasse. Mas um dia acordei com o braço doendo e muito vermelho. Rapidamente isolaram o catéter. Fiz um utrassom e eu estava com trombose. Logo iniciei a medicação para isso. Mas ainda não sabiam a causa de o catéter ter ficado assim. Uma das médicas ficava louca porque, por mais que ela aplicasse antibióticos, a dor não passava. Até que depois de analisarem meus exames e prontuário, descobriram que era uma bactéria que estava fazendo tudo isso. Poderia até dizer qual era a bactéria, mas não me lembro muito bem o nome. Enfim, comecei logo com a medicação. E graças a Deus ia começar a melhorar e ia parar de sentir dor. E o mais engraçado, eu só tinha febre de um lado do corpo. Agora o porquê, eu não sei. Kkkkk.
          Com os sintomas esperados, recebia medicação e tava indo bem. Mesmo sem apetite, empurrava algumas coisas. Tinha ânsia de vômito apenas, nada a mais. Fazia exames, na espera de a medula pegar.
        No dia 24/12/2011, Dr. Mair veio conversar comigo e me explicar algumas coisas. Começou me perguntando se eu sabia porque eu sentia tanta dor na perna, a ponto de ir pra Morfina. Só balancei a cabeça que não. E ele me deu a notícia mais maravilhosa que eu poderia receber naquele momento: a medula tava pegando. Por mais que eu soubesse que estivesse subindo, nada se comparava ao ouvir isso do médico. Nesse dia estava com leucócitos em 500 e plaquetas em 40 mil. Mais do que eu esperava. Nos abraçamos e disse que a notícia foi meu presente de natal. Depois me explicou que minha medula queria pegar com 4 dias. Por isso tinha entrado com mais uma quimio e vitamina, para dar uma parada, mas não deixasse ela "morrer". Esse era o motivo das dores nas pernas. Tudo foi esclarecido. E fiquei muito feliz. Abracei mamãe com o coração mais calmo e feliz.
             No dia 17 pós-transplante, a enfermeira passou e na saída, parou na porta e disse: "Ei, 1 + 3!" Olhei pra mamãe e não entendi nada. E ela disse de outra forma: "1.300". Eu muito pateta ainda não tinha entendido (kkkkk), só vi quando mamãe, muito esperta correu em direção à enfermeira, perguntando se era verdade. Aí que entendi que era meu leucócito que estava em 1.300. Nessa hora que parei, realmente, pra pensar no que estava acontecendo. Não sei bem o que senti, mas estava feliz, muito feliz. E agradeci a Deus por isso.
             Como os leucócitos tinham subido, o médico liberou pra raspar a cabeça. Na hora de raspar foi muito engraçado. O enfermeiro começou a cortar o cabelo pra facilitar, na hora de passar a máquina, olhei pra ele e disse: "Mateus, vai devagar. Nunca raspei a cabeça". Eu já tinha passado por um transplante e agora tava aflita com uma máquina de cortar cabelo?! Sim, estava! Kkkkkkk.
Tive meu momento Camila de "Laços de Família". Kkkk.
          Com tudo subindo, estava quase chegando a hora de ter alta do quarto e voltar pra Casinha. Mas a febre, por causa do catéter, persistia. Tive que ficar mais dias. Acabei tendo uma tosse, sentia muito frio, ainda mais depois que fiquei careca mesmo. O médico passava e eu dizia que precisava sair dali. Queria respirar ar puro. Ele só me dizia pra ter calma, mas estava ficando desanimada, tinha começado os vômitos, intestino tinha soltado até demais... Enfim, tava sentindo tudo. 
          Tomava várias medicações ainda. Graças a Deus consegui mudar, sem problema, todas as medicações do venoso para o oral. Só o que estava como venoso, era o antibiótico para a bendita bactéria. Até que um dia o médico perguntou se eu estava pronta pra sair. Claro que eu estava! Apesar das febres de vez em quando. Kkkkkk. Ele me disse que teria que voltar todos os dias ao hospital para tomar o antibiótico. Tudo bem! Sem problema! Mas aí me disse que eu poderia tomar em comprimido também. Mas detalhe: eles não tinham o comprimido e nem sabiam como era. Ou seja, tudo indicava que eu seria a primeira paciente a tomar o Zivox em comprimido no Amaral Carvalho? Creio que sim.
          E, finalmente, depois de 46 dias internada, estava de alta. Felicidade sem tamanho, tanto minha quanto da mamãe, que querendo ou não já estava bem abatida e cansada. E daquele dia em diante, era só ter muito cuidado, tomar as medicações, ir ao hospital e o mais importante: comer. Já não estava nada fácil comer. Era preciso colocar a máscara para tapar o nariz, fechar os olhos e mamãe empurra a comida na minha boca. Depois descobrimos que eu começava a comer, vomitava e aí sim conseguia comer. E continuamos assim.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

As primeiras idas a São Paulo


          Era hora de começar a arrumar as malas e ir, pela primeira vez, pra São Paulo. Tudo era motivo de festa, afinal eu tinha um doador.
  Arrumávamos as malas, enquanto minhas irmãs diziam que eu tinha que ir bem bonita "pra zoropa". Kkkkkk! Era a maior diversão. Sempre foi assim. Quando estávamos juntos, era tudo mais engraçado. Rìamos do nada. Era muito mais fácil continuar. Graças a Deus. 
       Meu cachorro era uma criaturinha inexplicável. Não sei se ele entendia que íamos viajar, mas de vez em quando vinha até a porta do quarto, abria ficava nos olhando. Como se dissesse: "Vou sentir saudades!". Não sei. Sempre achei que quisesse dizer isso.
    Tudo pronto! Malas arrumadas, documentos em mãos, tudo certo pra viajar. Papai foi nos deixar. Pude sentir ele nervoso, apesar de sempre se mostrar confiante. Meus irmãos também foram. Nos despedimos e entramos pra fazer check-in. E assim começava a aventura.
          A viagem era longa. Faríamos conexão em Basília, Congonhas e Bauru. Chegando em Congonhas soubemos que não poderíamos continuar o voo, pois a pista de Bauru estava fechada devido ao tempo chuvoso. Tínhamos duas opções: ficaríamos esperando liberar a pista ou seguíamos viagem de ônibus. Seguimos de ônibus. Chovia muito durante a viagem. Quando estávamos chegando em Bauru, entramos em contato com a uma das acompantes de um paciente da nossa cidade. Ela arrumou tudo para nossa chegada. Quando chegamos o taxista estava a nossa espera e fomos pra Jaú. Enfim, chegamos e nos acomodamos na Casa de Apoio Infantil.
        Em outra viagem, nosso voo atrasou e o perdemos. Tivemos que ir para o hotel. Tudo era novo pra gente. Nos arrumamos, comemos e dormimos. A noite mamãe desceu pra arrumar nossa janta. O único problema era que quando ela retirasse o cartão de acesso do quarto, tudo apagaria. E como eu não ia descer, fiquei no escuro. Kkkkk. Mas foi tranquilo. Mamãe não demorou. 
        E em mais uma viagem, fizemos todo o trajeto e chegando em Bauru, começou a chover. Como eu  ia descer? Na ida até o desembarque era tudo aberto. Nesse tempo ainda não tinha capa de chuva e não podia pegar chuva de jeito nehum. Até que a comissária de bordo teve a brilhante ideia de me cobrir com saco de lixo. Kkkkk! Sim. Saí do avião dentro de saco de lixo. Embalada até os pés. Desde aí aprendi a levar a capa de chuva. A taxista que sempre implica comigo quando vou. Ela diz que vai se preparar pra quando eu chegar, pois é chuva na certa. Kkkkkk.

A Espera por um Doador


        Início de 2011 e a espera por um doador começava. Depois de todas as chances mais próximas que tínhamos não terem dado certo, esperávamos que um anjo aparecesse e fosse compatível comigo.
          Em algum lugar, no fundo do meu coração, eu tinha certeza que iria aparecer. Não tinha mais parado de acreditar que só iria ficar curada se aparecesse um doador. Sabia que Deus, em sua infinita misericórdia, já tinha escrito minha história. Bastava eu crer no que Ele tinha reservado pra mim.
          Nesse tempo de espera, comecei a transfundir frequentemente, tomar doses mais altas de Prednisona, enfim... Todo medicamento necessário para que as plaquetas não baixassem tanto. Geralmente, só transfundia se as plaquetas estivessem abaixo de 10 mil. Tentavam com que eu transfundisse o mínino que eu conseguisse, para que ao fazer o transplante, desse tudo certo, apesar de minha lista de transfusões ter ultrapassado de 300. Comecei todo o cuidado mais rigoroso, como no início do tratamento. Fiquei internada algumas vezes e em uma dessas imternações, aparece uma médica pra fazer as visitas diárias, junto com seus estagiários. A médica explicou meu quadro e eles fizeram alguns questionamentos. Ela me olhou novamente e perguntou quanto tempo eu estava em tratamento. Respondi que fazia 1 ano e 6 meses. Ela me olhou como se não acreditasse. E disse que o prazo máximo pra que tem Aplasia Severa, como meu caso, é de 6 meses. Dessa vez fui eu que olhei pra ela sem entender, pois conhecíamos pessoas com muito mais tempo que eu, esperando por doador. E confirmei que tinha 1 ano e 6 meses.
          Lembro que em maio, apareceu um suposto doador. Mas não nos deram mais notícias e logo acreditamos que não era a hora ainda.
          Um dia, acordei bem cedinho e estava assistindo a missa pela TV. E no momento da comunhão, tocou o hino "Força e Vitória", que diz assim:

Todo joelho se dobrará
E toda língua proclamará
Que Jesus Cristo é o Senhor
Nada poderá me abalar
Nada poderá me derrotar
Pois minha força e vitória
É Jesus

Quero viver tua palavra
Quero ser cheio do teu espírito
Mas só te peço, livra-me do mal

Jesus!

          A parte que mais me chamou a atenção foi: "Nada poderá me abalar/Nada poderá me derrotar/Pois minha força e vitória/Tem um nome/É Jesus". Fiquei pensando, comecei a chorar e orei dizendo a Deus que não pediria mais paciência, não queria mais ser testada. Que daquele dia em diante só ia pedir a "força e a vitória". E assim dormi.
          Acho que orei com toda força que tinha, que não demorou muito e em julho apareceu outro suposto doador. E tudo foi acontecendo muito rápido. Começamos a preparar a documentação pra irmos para Jaú - SP, para o Hospital Amaral Carvalho. Tinha que ir pra consulta, fazer exames, tanto eu como meu doador.
          Viajamos dia 21 de agosto, fui para a consulta e em um momento o Dr. Vergílio me explicou tudo sobre o transplante, que agora sim eu ia sentir muito mais o efeito da medicação, que o cabelo ia cair, poderiam aparecer complicações e perguntou se eu queria mesmo fazer. Como assim? Eu poderia escolher? E foi aí que me explicou que alguns pacientes desistiam de fazer. Perguntei o que poderia acontecer se eu não fizesse. Não porque eu não queria fazer, mas só pra saber. Ele foi bem direto, não lembro bem as palavras que ele usou, mas eu entendi que se eu não fizesse eu morria ou que se eu fizesse eu poderia morrer também, mas pelo menos eu teria tentado e chegaria a dar certo. Meu quadro era complicado. Estava transfundindo quase todos os dias, o que não era nada bom. E respondi que ia fazer sim. Nem me passou pela cabeça não fazer. Tinha esperado tanto por esse dia. E estava tudo certo pra eu voltar em outubro, pois o transplante aconteceria no dia 27 de outubro.
         Estava me cuidando ao extremo para não adoecer. Tinha que estar preparada para mais uma luta. E chegou o dia de viajarmos novamente. Não estava com medo. Acho que mamãe tinha mais medo do que eu. Eu estava ansiosa. Sempre pesquisei muito na internet para entender como tudo isso funcionava, mas queria chegar logo e fazer, mesmo sabendo dos riscos que eu corria.
      Chegamos, fomos pra consulta, a tarde nos chamaram. Tinha que tomar medicação e saber do doador. Para nossa surpresa, descobrimos que o doador estava doente. Mas logo explicaram que era tratável. Deram-nos um prazo de 2 meses pra ele ficar bom. E perguntou se eu aguentava esperar mais um pouco e disse que sim. Até tinha outro doador, mas não era 100% compatível comigo. E queria muito insistir nesse doador que adoeceu, pois ele era praticamente "meu irmão gêmeo". Assim, voltamos pra casa. Mamãe ficou na dúvida se ele ia realmente se cuidar e doar. Porque ele poderia muito bem desistir, mas eu acreditava que ia dar certo. 
           Era uma quarta-feira (16/11/2011), ligaram do Hospital de SP e me disseram que o doador estava bem. Que já podia doar! Foi uma das melhores e maiores notícias que poderia receber. Chamei a mamãe e não conseguia nem falar. Só chorava. Minha irmã Luana veio e consegui contar. Choramos muito e agradecemos a Deus por isso. O detalhe era que teríamos que estar uma semana depois em Jaú.  Tínhamos que correr pra agendar tudo. Mas enfim, deu tudo certo. Graças a Deus.
          

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Fim do Tratamento


          E depois de um longo período (6 meses para ser exata), chegou o fim do tratamento. Fiquei um pouco apreensiva com o que viria a enfrentar. Sem remédio nenhum mais, não sabia o que poderia acontecer.
          Logo que comecei, eu confiava que tudo poderia dar certo, que o remédio fosse mesmo fazer efeito e que eu ficaria curada. Juro que acreditei muito nisso. Mas em algum momento, no tratamento ainda, minha médica disse que se a medicação não tivesse o resultado desejado, teria que fazer o transplante de medula. Desde esse momento não parei de acreditar que só iria ficar curada se fizesse o transplante. Mas deixei e acreditei que poderia dar certo. E continuei. Não senti quase nada com os efeitos colaterais. A não ser o ganho de peso e excesso de pêlos no corpo. Tive uma melhora significativa que me fez deixar de transfundir frequentemente e que me deixou mais disposta.
          Mas agora, com o fim do tratamento (quando digo tratamento, me refiro à medicação), como seria? Fiquei pensativa no primeiro dia do término, depois continuei a viver um dia de cada vez novamente.
          Foram meses e meses de calmaria. Não sangrava mais, não apareciam as manchas pelo corpo e tudo o mais...
          Maaas, como nem tudo o que parece é, comecei a sentir os sintomas de novo. As transfusões de plaquetas e sangue diminuíram o período entre uma e outra, sentia cansaço, sono... Enfim, tudo voltava a estaca zero. Literalmente!
          Mesmo assim não fiquei muito abalada, pois já me preparava se, por algum motivo, não desse certo. Ainda me restava a esperança de repetir o tratamento ou fazer o transplante. Mas lembro do desespero de minha mãe ao ouvir isso. Pude ver que tentava, de todas as formas, se manter forte. Lembro que, naquele momento, mamãe começou a chorar incontrolavelmente. Foi preciso minha médica intervir e fazer com que ela continuasse firme. Fiquei mais abalada pelo desespero de minha mãe, do que pela notícia.
          Assim começou o processo de cadastro no REREME (Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea). Minha família fez o exame de compatibilidade e esperávamos que alguém fosse meu doador. E descobrimos que nenhum era 100% compatível. Fiquei triste por um momento que logo passou.
          Assim começou a espera por um doador.

          Até a próxima! Beijinho!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Pausa na Vida


          Antes de eu adoecer, estava fazendo cursinho de inglês. Pretendia cursar a pós, ou prestar vestibular e tentar o curso de Ciências Contábeis. Mas esses planos foram adiados por um tempo. 
          Muitas coisas foram deixada de lado, na verdade! Deixamos de frequentar a igreja, porque como não poderia sair e ficar entre muitas pessoas, resolvemos que íamos dar uma parada. Mas ainda assim, nunca nos deixaram sem ouvir a palavra de Deus. Temos vizinhas abençoadas por Ele, que sempre nos acompanham. Sempre pediam para que as Irmãs da Caridade viessem me visitar, para que eu não perdesse minha fé. Isso foi edificante.
         Deixei de visitar as pessoas. Por minha família ser muito caseira, frequentávamos mais a casa de nossa família mesmo. Passamos por um tempo bastante difícil, pois como toda família sempre tem algumas brigas, na nossa não foi diferente. Sentíamos muita falta dessas pessoas que tanto amamos. Mas graças a Deus, depois tudo ficou bem e passamos a nos ver novamente.
          Não saía a noite de jeito nenhum. Uma vez saí de casa em um tempo ventilado. Isso não foi uma boa ideia. Fiquei muito gripada, tive que fazer inalação, tomar medicamentos e tudo o mais.
          Até em dias de sol, deixei de sair. Até poderia. Mas em certos momentos minha plaqueta estava muito baixa, tinha medo de sair de casa, fazer qualquer esforço e correr o risco de sangrar. Certa vez, íamos a casa de minha tia. Comecei a me arrumar, estávamos quase de saída, quando eu sorri e perceberam que a gengiva estava sangrando. Aquilo foi muito ruim pra mim. Porque, aparentemente, eu estava bem, estava me sentindo forte. Mas não! Na verdade, estava com plaquetas abaixo de 10 mil. Tive que ir ao Hemoam no outro dia. Lembro que chorei muito nesse dia. Creio que mais por não ter saído, do que por estar doente. Kkkkkkk.
          Como falei no outro post, deixei de brincar com meu cachorro. Deixei também de comer muita coisa. Deixei até de pegar muito nas pessoas ou deixarem elas me abraçarem. Não queria pegar nada para não complicar ainda mais. As crianças... Não podia nem chegar perto, principalmente se estivessem recém-vacinadas. Como sabemos, são quando os vírus ficam ativos e isso não seria bom para mim.
           Com o inglês, até tentei continuar. Meu professor vinha até minha casa. Mas depois de um tempo fui ficando muito fraca e nos dias do curso, não me sentia disposta. Então, resolvi parar.
           Meu quarto era minha "bolha". Foi o tempo que mais passei dentro de casa. Rs. Sempre gostei muito de passear, viajar... Mas entendia que, naquele momento, precisava me cuidar. E que depois que eu ficasse bem, poderia voltar a fazer tudo o que eu gostava.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Floquinho - Filhote


          Sempre criamos animais. Na maioria, cães e gatos. E quando criamos, nos apegamos demais a esses bichinhos que só nos trazem alegrias.
          Em maio de 2009, papai tinha saído e me ligou perguntando se eu queria um cachorro, era um poodle. Nem pensei, na hora disse que sim. Fiquei muito feliz com a notícia. Até que papai, enfim, chegou em casa. Ele estava com poucos dias de vida. Não tinha nem desmamado. Como não tínhamos nada em casa para ele, demos leite em uma colher. Depois compramos uma mamadeira e assim ele foi crescendo. Lembro que na época, papai disse que ele não cresceria muito, porque os pais dele eram pequenos. Ele era tão fofo! Recebeu o nome de Floquinho por ser bem branquinho. Cabia na palma da mão! A coisa mais linda!


         
        Como estavam suspeitando que eu estivesse com Aplasia, a médica que começou a me acompanhar, disse que se eu tivesse algum bichinho de estimação, era pra nós darmos. Quis morrer quando ouvi isso. A solução que encontramos foi ensinar o Floquinho a ficar fora de casa. Como eu não saía mais do quarto mesmo, às vezes, ele fugia e ia pra cozinha. Kkkkk! Mas não entrava no quarto de jeito nenhum. Acho que ele entendia que não podia.
          Era engraçado o que ele fazia de vez em quando. Quando a porta do quarto estava aberta e minha mãe estava comigo, ele aproveitava pra querer entrar. Kkkkkkk. Quando percebíamos, lá estava ele, passando e nos olhando de canto de olho. Como se dissesse: "Eu vou passar sem elas me verem." Mamãe olhava pra ele e dizia: "Eu tô te vendo, Floquinho!". Ele voltava na mesma pisada! Kkkkkk! Era muito engraçado. 
          Nem podia brincar com ele. Dava vontade de pegar no colo, apesar de ele ter crescido bastante. Mesmo assim tinha queria apertar, malinar...
          Quando soube que ia mesmo fazer o transplante, acho que ele sentiu. Ele ficou muito diferente. Ficava arranhando a porta do quarto, para abrirmos pra ele. Queria entrar. E se a porta estivesse só encostada, ele entrava, sentava e ficava olhando para mamãe e para mim. Como se quisesse dizer alguma coisa.
          Fiz o transplante e voltamos para casa. Mamãe já estava doente. E ele sempre por perto. Mesmo distante, mas perto. Mamãe faleceu em maio de 2012. E em 08/06/2013, perdi meu filhote. Fiquei muito mal nas duas perdas que tivemos. Não queria saber mais de nada, mas me mantive forte. Todos ficaram com medo, porque eu ainda estava me recuperando.
          Ele, com certeza, vai ficar para sempre em meu coração. Passa um filme na cabeça. Lembrar que ele chegou tão pequeno, me fez rir muito, a forma como olhava... Tudo! Amor que nunca acaba.