domingo, 3 de maio de 2015

Meninas Especiais


          Desde o início era muito difícil encontrar um acesso venoso em mim. Quando ainda estava em Boa Vista, percebi que seria muito difícil. Como tudo o que faço, uso muito mais as mãos do que qualquer outra parte do corpo, para me mover. Por causa da deficiência física, tenho que me apoiar em tudo. E com isso, era ruim manter o acesso bom, mesmo que eu não forçasse muito as mãos. E para piorar a situação, só dava para procurar acesso mais no braço esquerdo, que era o que eu mais esticava.
          Depois passei para o Hemoam e comecei a conhecer as enfermeiras. Todas sempre tiveram muito cuidado com os pacientes.
          Um dia desses, revirando e vendo postagens antigas no Facebook, encontrei uma postagem em que marcava algumas das pessoas especias que me puncionava.



          Sempre gostei de todas as meninas, mas essas faziam milagres. Kkkkk.
          Em uma vez que fiquei internada para fazer tratamento com os imunossupressores, perdi o acesso. Isso me tirava a paz, mais do que qualquer coisa. Já tinham tentado puncionar e nada. Até que perguntei se a Dil estava no setor de Transfusão. E para minha alegria, ela estava. Pedi que alguém fosse falar com ela. Não demorou muito e ela veio. E, graças a Deus, conseguiu.
          Cada uma tinha um jeitinho diferente. A Leo olhava, olhava até que achava alguma veia. E foi a primeira e única a puncionar meu pé. Nunca esqueço dessa dor. kkk. A Neida respirava fundo e ainda me preparava pra ser furada. A Dinair era muito artista, conseguia puncionar pegando a veia por baixo e com jelco nº 20. Geralmente, usava o nº 22. A Eneide vinha preparada com jelcos pra qualquer veia. E a Michelly veio depois, mas logo aprendeu como era melhor para mim. E conseguia logo acesso. Em uma das vezes, tive que ser puncionada com o nº 24, o que se usa em bebê. Isso tudo porque minhas veias não suportavam mais. As meninas do laboratório sabiam bem como coletar meu sangue. Até uns meses atrás, quando tenho que fazer exames, procurava pela Lu ou pela Elma. Assim que me viam, pediam pra eu esperar por elas. A Lu e a Elma sabiam dos meus reflexos de nervosismo. Toda vez que ia colher sangue minhas pernas tremiam demais. Era só tirar a agulha do braço e eu, aos poucos, voltava ao normal.
          Sofria quando iam puncionar e veia estourava. Na hora quase nem doía. O problema era depois. Inchava e ficava roxo. Era uma tortura.
          Mas graças a esses anjos em minha vida, tudo dava certo. Sinto saudades desse tempo. Não que eu queira voltar para o hospital, não mesmo! Mas sempre quando internava era legal. Não sofri muito com os efeitos dos remédios. Então, só internava mesmo pra tomar as medicações. Sinto saudades das meninas, das outras pacientes, de todos desse tempo.